No coração de Salto Antigo, o presépio ganha vida, recriando com emoção e autenticidade o cenário do nascimento de Jesus. No início da encenação, encontra-se o estábulo, meticulosamente montado para evocar a simplicidade e a espiritualidade daquele momento tão especial. O chão está coberto de palha dourada, exalando o aroma rústico que transporta os visitantes para tempos antigos, enquanto as figuras de Maria, José e o Menino Jesus se destacam no palco da história sagrada.
No Estábulo
Dois anjos, com suas vestes luminosas, permanecem vigilantes, transmitindo serenidade e paz, enquanto uma vaca e um burro, calmamente posicionados ao lado da manjedoura, completam a cena.
O calor e a quietude dos animais criam um ambiente de aconchego e autenticidade, transportando todos os que observam para a atmosfera humilde e divina daquela noite em Belém.
Este estábulo, cuidadosamente montado, é o ponto inicial do presépio vivo de Salto, um evento que não só celebra o espírito natalício, mas também mantém viva a tradição da representação do nascimento de Jesus.
A cada detalhe da cena, sentimos a dedicação e o carinho da comunidade, que transforma este espaço num verdadeiro palco de fé e união. É ali, na simplicidade da palha e na ternura das figuras representadas, que a magia do Natal renasce ano após ano, tocando os corações de todos os que têm a oportunidade de vivenciar esta experiência única.
Loja do Passado: Um Espaço de Tradição e Memória
Nesta loja mítica de salto antigo, um espaço autêntico que respira história e tradição. Forrada toda em madeira e com um imponente balcão que atravessa de ponta a ponta, esta loja é um verdadeiro reflexo da simplicidade e hospitalidade transmontanas.
Cada detalhe deste local transportava-nos para um tempo em que a vida era mais pausada e as comunidades se uniam em torno destes pequenos comércios. As prateleiras, cheias de produtos diversos, e o aroma do café caseiro criavam uma atmosfera acolhedora e familiar. Era um ponto de encontro, onde se trocavam histórias, se criavam laços e se sentia o calor da convivência.
O ambiente rústico e genuíno fazia da loja um lugar especial, convidando à contemplação da sua beleza simples. A madeira, desgastada pelo tempo, contava histórias de gerações que ali passaram, enquanto o balcão era testemunha de inúmeras trocas, desde os produtos do dia-a-dia até aos sorrisos partilhados.
Hoje, embora este espaço viva na memória de muitos, ele permanece um símbolo da identidade local. A antiga loja de aldeia não era apenas um lugar de venda, mas também um ponto de ligação, um local onde agora o passado e o presente se encontram, perpetuando o valor das nossas raízes e tradições.
O recanto do Mestre Sapateiro e do Mestre Alfaiate
Mais ao lado encontrava-se um recanto fechado que recriava o ambiente de uma antiga loja, dedicado ao mestre sapateiro e ao mestre alfaiate.
O mestre sapateiro, rodeado de ferramentas e couro, demonstrava a arte de criar e reparar sapatos, enquanto encantava os visitantes com o seu “paleio” bem-humorado. Já o mestre alfaiate, com tecidos, linhas e tesouras, mostrava a precisão do seu ofício, interagindo animadamente com quem por ali passava.
Este espaço, cheio de autenticidade, destacava-se pela decoração cuidada e pela vida que os mestres traziam à tradição, cativando todos com a magia dos ofícios de antigamente.
Os Serrinhas: Guardiões da Tradição e da Natureza
Os serrinhas eram homens cuja mestria e respeito pela natureza marcavam a sua relação com a madeira. Trabalhando em pares, com movimentos sincronizados e uma harmonia singular, transformavam árvores em recursos essenciais, sempre com reverência à floresta. A sua arte ia além do corte, era um exemplo de dedicação e responsabilidade ambiental.
Hoje, essa tradição foi revivida no presépio vivo de Salto, onde os serrinhas foram lindamente representados. Vestidos como no passado, demonstraram sua habilidade em cortar madeira, encantando o público e trazendo à vida um pedaço de história que celebra a harmonia entre homem e natureza.
A Arte do Ferreiro: Forjar o Passado com as Mãos
O ferreiro, com suas mãos firmes e olhar atento, transforma o ferro bruto em algo único. No calor da forja, o metal ganha forma através de um processo que exige força, precisão e paciência. Cada peça é mais do que um simples objeto; é uma marca de história que resiste ao tempo.
O trabalho do ferreiro vai além da habilidade técnica; ele carrega o legado de uma tradição viva. O som do martelo e o brilho das brasas falam por si, conectando o passado ao presente.
Durante o presépio vivo na vila, essa arte foi demonstrada ao público, permitindo que todos vissem de perto o processo de transformação do ferro. O ferreiro não era apenas um trabalhador, mas um guardião da memória, mostrando como a tradição permanece viva e relevante.
Tecelagem: A Tradição Tecida à Mão
Encontramos a casa dos teares, um espaço acolhedor e repleto de história, onde as tecedeiras, com suas mãos habilidosas, dão vida aos fios que transformam em belas peças de tecido. A Srª Rosinha do Jorge, dona do espaço onde ela costuma tecer durante o ano, cedeu generosamente este local para a apresentação e amostra desta arte no presépio vivo, permitindo que todos possam apreciar o trabalho que tanto valoriza as tradições da região.
Além das tecedeiras que trabalham nos teares, o presépio vivo destaca outros ofícios fundamentais da tecelagem e das artes têxteis tradicionais:
Doba: As mulheres organizam e preparam os fios, enrolando-os em meadas ou novelos para o tear.
Fiação: As fiandeiras transformam fibras brutas, como lã ou linho, em fios, utilizando roca e fuso.
Fazer meia: Utilizando agulhas grandes, as mulheres criam peças como meias e camisolas.
O som do tear, o ritmo do fuso e as mãos que criam peças únicas dão vida ao presépio. Estas artes são expressões de identidade cultural, preservadas pela dedicação das mulheres que as mantêm vivas. No presépio, os visitantes podem refletir sobre o valor destas tradições e a força que sustenta a identidade da região.
Sr. António Poças: O Pastor das Ovelhas
No nosso presépio vivo, uma figura marcante é o Sr. António Poças, um homem simples e dedicado, que, além de pastor de ovelhas, é também criador de gado e agricultor. Com suas mãos calejadas pelo trabalho no campo e seu olhar atento, o Sr. António reflete a devoção com que cuida dos seus animais e da terra.
No cenário do presépio, ele aparece com seu cajado e as ovelhas, simbolizando a humildade dos pastores que foram os primeiros a acolher o Menino Jesus. Sua vida, entre o campo e os rebanhos, nos lembra da importância de cuidar do que nos é confiado e de viver com simplicidade e fé.
O Calor do Natal: Memória ao Redor da Lareira
No Natal, o calor que aquece não vem das estrelas, mas do fogo da lareira, onde o calor de outrora se mistura com o presente. Com gestos tranquilos, as filhoses são moldadas com a mesma paciência dos antigos, que sabiam que as coisas boas exigem tempo. A lareira, sempre no centro, guarda as histórias de gerações.
No escano a panela com a massa das filhoses, enquanto as mãos cuidadosas fazem surgir estas delícias douradas. O cheiro mistura-se ao calor do fogo, criando uma atmosfera em que o tempo parece parar, carregando a essência de quem fomos e o legado que transmitimos. Cada pedaço de massa é um fragmento de terra, de história, de tradição.
Figurantes: Os Rostos do Presépio Vivo
Os figurantes e animadores deste evento são peças essenciais para o sucesso do Presépio Vivo. Estes talentosos voluntários encarnam os seus papéis com dedicação, interagindo com os visitantes e partilhando histórias e tradições que enriquecem ainda mais a experiência.
Agradecimentos: O Presépio Vivo foi um Sucesso
“A realização do Presépio Vivo nas ruas de Salto Antigo foi um marco significativo para a nossa comunidade. A presença de distintas personalidades enriqueceu ainda mais este evento, refletindo o compromisso coletivo com as nossas tradições.
A participação do Executivo Municipal de Montalegre, liderado pela Presidente Fátima Fernandes, acompanhada pela Vice-Presidente Ana Isabel Dias e pelo Vereador Jorge Fidalgo, demonstrou um apoio inestimável às iniciativas culturais da nossa freguesia.
Um especial reconhecimento é devido ao Padre Pedro Reis, o grande anfitrião e propulsor desta criação. A sua visão e dedicação foram fundamentais para tornar este evento uma realidade, é notável a sua paixão por manter vivas as nossas tradições e valores.
Este evento não teria sido possível sem o esforço conjunto de todos os envolvidos, desde os organizadores até aos participantes, bem como os visitantes, muitos deles também vestidos a rigor, dando corpo e vida ao Presépio Vivo com o seu entusiasmo e espírito de comunidade.
A todos, o meu profundo reconhecimento por tornarem este Presépio Vivo uma celebração memorável da nossa identidade cultural.”
Catarina F. Gonçalves, Presidente da Junta de Freguesia de Salto